A máscara...

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Esta luz animada e desprendida
Que, vindo reflectir-se em nosso rosto,
Esta lâmpada oculta, em nossa máscara
Tornada transparente e radiante
De alegria, de dor ou desespero
ou de outros sentimentos emanados
do coração dum anjo ou dum demónio;
Este retrato ideal ou verdadeiro
composto de alma e corpo e de que somos
A trágica moldura, errando à sorte
Feita de estrelas sombra ventanias
Cá fora sobre a terra à luz do Sol.
...
Teixeira de Pascoais

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...ironicamente, na àgua do mar sem fim,
boiam papeis. São cartas de Simão e Teresa...

diálogos ...

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Diálogo consigo mesmo

com os astros
os mortos
as ideias
o sonho
o passado
o mais que futuro
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Escolhe o teu diálogo
e
a tua melhor palavra
ou
o teu melhor silêncio.
Mesmo no silêncio e com o silêncio
dialogamos.
Carlos Drummond de Andrade

Sorrindo para os meus sonhos...

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...Depois Ele fugiu para o Sol e desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje Ele vive na minha aldeia, comigo. É uma criança bonita, de riso natural.
Ele me ensinou tudo.
Ele me ensinou a olhar para as coisas.
Ele me aponta todas as cores que há nas flores e me mostra como as pedras são engraçadas quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas.
Ele dorme dentro da minha alma. Às vezes Ele acorda de noite, brinca com meus sonhos.
põe uns por cima dos outros, e bate palmas, sozinho,sorrindo para os meus sonhos.
(...)

Poema VIII de "O Guardador de Rebanhos" - Alberto Caeiro)

Fugiste com o Sol...

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Amarante
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Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro,absorto.
Outono...Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam caem...
(...)
A água cantou.Rodeava, aos beijos,os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite e fugiste com o Sol!
...

Olavo Bilac, in "Poesias"

nem dás por mim...

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Andando por aí

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Que música escutas tão atentamente que
não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?
Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
...
Deixa-te estar assim,
tão alheia
que nem dás por mim.
.........
Eugénio de Andrade

Entre as margens...

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Une as duas cidades: Porto e Gaia


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Ponte Ferroviária D. Maria Pia-1876
Da autoria de Gustavo Eiffel, caracteriza-se pelo delicado purismo e grande capacidade de inserção no enquadramento paisagístico.